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Mixoma odontogênico com invasão sinusal

Mixoma odontogênico com invasão sinusal

  • Bruna fontes da silva
  • Artur cerri
  • Carlos eduardo xavier s. ribeiro da silva
  • Adriana lopes macedo
  • Disciplina de estomatologia

Resumo

Os autores apresentam o caso clínico de um paciente do sexo masculino, 36 anos, leucoderma, que procurou a clínica de odontologia da Universidade de Santo Amaro, queixando-se de aumento de volume na região maxilar esquerda. Inicialmente, o mesmo foi avaliado pela disciplina de Semiologia que o encaminhou para a disciplina de Estomatologia (Diagnóstico Bucal) a fim de determinar o diagnóstico.

Durante o exame pela disciplina de Estomatologia, verificou-se a presença de lesão tipo massa nodal localizada no rebordo alveolar superior esquerdo, sendo impossível a determinação clínica de seus limites. Foram solicitados os seguintes exames complementares de rotina: radiografia panorâmica dos maxilares, raio-x para seios da face (tomada de Waters) e hemograma completo, o qual se demonstrou dentro dos padrões de normalidade.

Ao raio-x verificamos invasão do seio maxilar pela lesão. Foi executada biópsia incisional cujo resultado foi de mixoma odontogênico. Após quinze dias, realizou-se a remoção cirúrgica da lesão e sinusectomia maxilar.

Não houveram intercorrências no pós- operatório. O paciente foi acompanhado durante seis meses e não houve sinais de recidiva.

Introdução

O mixoma odontogênico é uma neoplasia benigna de origem mesenquimal, localmente invasiva, com células arredondadas em um estroma mucóide. É um tumor não encapsulado, sem delimitação precisa, contendo tecido fibroso em quantidades variáveis e tecido mixomatoso.

Epidemiológicamente, incide em proporções semelhantes tanto no homem quanto na mulher, sendo encontrado com maior freqüência no corpo e ramo mandibular. Incide preferencialmente na faixa etária de 20 a 30 anos.

A lesão possui aspecto gelatinoso, de coloração branco-amarelada.

Radiograficamente apresenta aspecto multilocular, com áreas radiolúcidas separadas por septos radiopacos, apresentando entrecruzamentos, formações angulares (retas) lembrando o aspecto denominado de “raquete de tênis”. Os limites não são nítidos, indicando uma lesão invasiva, provocando, provocando deslocamento de dentes e reabsorções radiculares em dentes vizinhos, podendo romper corticais ósseas.

O tratamento é radical, com uma cirurgia excisional, com margem de segurança para evitar a recidiva da lesão.

 


Aspecto inicial da lesão


Radiografia inicial


Aspecto do tecido mixomatoso


Peça removida


Pós-operatório imediato

 

Discussão

O mixoma odontogênico acomete largo espectro de idades, sem predileção por sexo segundo Elsay e Dutz em seus estudos de 15 casos de mixoma em tecido mole.

Em 1988, Cuestas-Carnero, Bachur e cols. afirmam que o mixoma odontogênico ocorre predominantemente em mandíbula e em jovens (67%), sem predileção por sexo.

Em 1986, Siar, Devadas e cols. relataram um caso de mixoma odontogênico em tecido mole, e, os locais mais afetados são a mucosa jugal, assoalho bucal e palato.

Lo Muzio, Nocini e cols. revisaram 10 casos e observaram que a média da idade destes pacientes era 32.7 anos, com maior prevalência em pessoas do sexo feminino; 60% dos mixomas odontogênicos ocorreram em mandíbula e 40% em maxila. Williams afirma que a prevalência ocorre na segunda e terceira décadas de vida. Radiograficamente apresenta-se como uma lesão radiolúcida multilocular ou unilocular com limites difusos, podendo apresentar aspecto de favo de mel ou bolhas de sabão (2,5).

O tratamento pode variar: excisão, enucleação seguida de curetagem ou cauterização química do tecido ósseo envolvido, ressecção em bloco da área afetada (1).

No caso de lesões pequenas sem envolvimento ósseo, o tratamento conservador é indicado (excisão completa, enucleação ou curetagem seguida de cauterização química das paredes ósseas circundantes afim de manter a função do paciente) (1,3,4). Siar, Devadas e cols. realizaram a excisão completa do mixoma odontogênico e houve uma proservação durante 4 anos, sem recidivas.

O tratamento conservador é complicado pois a neoplasia não é encapsulada e o tecido mixomatoso infiltra em tecido ósseo próximo; Devido a sua natureza gelatinosa, a remoção intacta desta neoplasia é difícil. Nestes casos, com um tratamento conservador há maiores chances de recidiva (2,3). Slootweg e Wittkampf recomendam enucleação e curetagem para lesões em mandíbula e uma terapia mais agressiva para lesões em maxila. Desse modo, explica-se a necessidade de ressecção na maioria dos casos (5). Em uma revisão de 10 casos de mixoma odontogênico, Lo Muzio, Nocini e cols. relatam 43% de recidiva em casos que se realizaram enucleação. Segundo a literatura, a recidiva após tratamento conservador varia, com uma média de 25%5.
Conclusão

Com base na literatura consultada, concluímos que:

1.Radiograficamente, as lesões mais freqüentes são multiloculares com limites difusos.

2. Apesar de ser uma lesão benigna, possui um comportamento infiltrativo e invasivo, podendo causar destruição de tecido ósseo.

3. O tratamento do mixoma, é predominantemente radical com margem de segurança para evitar recidiva.
Abstract

A 36-year-old man complained of an nonpainful mass that had been first noticed 1 year previously. Examination showed a lesion on the posterior left region in the alveolar ridge covered with normal overlying mucosa. Radiologic analysis was made on Waters and panoramic radiographs and showed invasion of the maxillary sinus. After 15 days, an excisional biopsy and maxillary sinusectomy were performed.

There was no postoperative complications. The patient was followed up during 6 months and no recurrence has been reported so far.
Referências bibliográficas

1.Cuestas-Carnero R, Bachur RO, Gendelman H. Odontogenic Myxoma: report of a case. J Oral Maxillofac Surg 1988;46:705-9.

2.Eversole L. Contemporary Oral and Maxillofac Pathol 1997;5:143-44.

3.Lo Muzio, Nocini P, Favia G e cols. Odontogenic Myxoma of the jaws: A clinical, radiological, immunohistochemical and ultrastructural study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 1996;82:426-33.

4.Siar CH, Devadas VBDS e cols. Oral soft tissue myxoma. Report of case.J Oral Med 1986;41(4):256-58.

5.Williams, TP. Odontogenic Myxoma. Oral Maxillofac Surg Clin North Am; 332

  • Monitora da Disciplina de estomatologia da Unisa.
  • Mestre em Estomatologia, Prof. Adjunto de Estomatologia da Unisa.
  • Doutor em Estomatologia, Prof. Titular em Estomatologia da Unisa.